Eventos climáticos extremos provocados pelas mudanças climáticas são cada vez mais frequentes e têm causado muitos transtornos e tragédias. A ocorrência de ondas de calor, secas, tempestades e alterações no regime de chuvas é cada vez mais comum e prejudica também a agropecuária. Entretanto, estima-se que o próprio setor agropecuário seja responsável por grande parte das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
Diante dessas questões, o IZ (Instituto de Zootecnia) de Nova Odessa, órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, tem desenvolvido pesquisas inéditas com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e consequentemente os impactos da agropecuária nas mudanças climáticas.
Considerando que atividades do agronegócio podem contribuir para o aumento de gases efeito estufa e das mudanças climáticas, o IZ foca pesquisas no manejo adequado de pastagem, uso de enzimas para redução de gás metano por ruminantes e o tratamento de dejetos de suínos que contribuem para amenizar estes efeitos.
De acordo com o diretor-geral do IZ, Enilson Ribeiro, as pesquisas do Instituto abrangem vários animais, como bovinos de corte, vacas leiteiras, ovinos, suínos e aves. “Nossas pesquisas com melhoramento genético, nutrição, reprodução, sanidade e bem-estar animal aumentam a eficiência produtiva e consequentemente diminuem os impactos ambientais”, salienta.
No CPD Pastagem e Alimentação Animal do IZ, por exemplo, pesquisas envolvendo seleção de forrageiras, uso de leguminosas e integração lavoura-pecuária-floresta são fundamentais para reduzir as emissões de gases. Esses trabalhos demonstraram que forrageiras de melhor qualidade e inclusão de leguminosas melhoram a qualidade da alimentação dos animais, além de diminuir a necessidade de adubação, fatores que contribuem para as emissões. Outra linha de pesquisa, sobre integração lavoura-pecuária-floresta, promove o sequestro de carbono da atmosfera.
FLATOS E DEJETOS
No CAPD Bovinos de Corte, trabalhos de melhoramento genético tem selecionado e disponibilizado para produtores, através de leilões periódicos, animais mais eficientes na produção de carne. Este Centro também conta com equipamentos e tecnologia para simulação do que ocorre dentro do rúmen dos animais, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas para otimização da fermentação ruminal, diminuindo as emissões do metano entérico, emitidos nas flatulências.
Outro destaque são as pesquisas envolvendo tratamento de dejetos de suínos, o que possibilita o adequado tratamento de efluentes (fezes, urina, água de limpeza) das granjas de suínos, diminuindo os impactos ambientais e possibilitando a geração de renda a partir dos coprodutos obtidos (biogás, adubos e água de reúso).
Em 2023 foi criado na Unidade do Instituto em São José do Rio Preto, o Centro de Pecuária Sustentável, com área de 220 hectares destinada a estudos de sistemas de produção animal eficientes e redução das emissões de gases de efeito estufa. “A Unidade é sede do projeto ‘Centro de Ciência para o Desenvolvimento da Neutralidade Climática da Pecuária de Corte em Regiões Tropicais’, o NeuTroPec, resultado de uma parceria entre o Governo de São Paulo e a iniciativa privada com objetivo de estabelecer estratégias de mitigação em sistemas de produção de bovinos de corte e transferir conhecimento à cadeia produtiva”, conclui Ribeiro.
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