IZ inicia projeto de criação de suínos como doadores de órgãos
Porcos geneticamente modificados podem ser solução para a doação de órgãos a seres humanos
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O IZ (Instituto de Zootecnia) de Nova Odessa, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, assinou no final de novembro, o acordo de pesquisa inédito e que é tido como um marco histórico para o instituto, e que prevê o desenvolvimento de suínos geneticamente modificados que servirão de doadores no transplante de órgãos para seres humanos.

O acordo foi firmado com a Xenobrasil, empresa do médico e professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Silvano Raia, que é pioneiro no transplante de fígado na América Latina. 

Com o aporte de recursos para implantação de infraestrutura e para a produção de suínos, a Xenobrasil usará esses animais como doadores de órgãos para transplante. O laboratório será estruturado atendendo a todos os requisitos dos organismos reguladores que são necessários para o xenotransplante clínico (termo técnico que define o transplante de órgãos entre espécies diferentes).

É sabido que no Brasil, bem como em outros países, há listas de espera para inúmeros transplantes, devido à falta de doadores. Nos últimos 40 anos, os suínos têm sido utilizados para várias cirurgias do tipo, graças à baixa rejeição que causam, por possuírem fisiologia semelhante e por estudos que conseguiram modificar seu genoma (sequência dos genes de um ser vivo), aumentando as possibilidades de uso de órgãos e tecidos destes animais como doadores para seres humanos, contribuindo assim com a manutenção da vida.

Raia explica que o organismo dos suínos é o que mais se assemelha ao do humano. “A viabilização para transplantar coração, rim, córnea e pele é uma realidade, e os estudos agora tendem a incluir pulmão e fígado”, atesta.


UM MARCO

Para o coordenador da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), Carlos Nabil Ghobril, esse é um marco para o IZ. “Para nós, a utilização de um laboratório com uma nova linha de pesquisa atende ao nosso escopo, conjuntamente com outra vertente que vai abrir muitas possibilidades para a APTA”, relata.

O diretor-geral do IZ, Enilson Ribeiro, conta que os estudos que realizam com animais não eram para xenotransplantes e, agora, essa oportunidade colocará o Instituto em outro patamar. “Pela inovação da pesquisa a ser conduzida nessa área, tomaremos um caminho diferente, com a contribuição dos nossos pesquisadores e técnicos que vão somar conhecimento à medicina”, enfatiza.

Para a pesquisadora científica, Diretora do Núcleo Regional de Pesquisa de Tanquinho, no município de Piracicaba, Simone Raymundo de Oliveira, esse é o novo rumo a seguir. “É uma mudança total dentro da APTA, na zootecnia, porque não temos, até o momento, nenhum tipo de trabalho que envolva nossa atuação na produção de animais que vão servir para doação de órgãos, com a integração de diversos setores, com vários profissionais e suas expertises na geração de conhecimento numa área diferenciada da zootecnia. Eu chamo este projeto de produção de vida para vidas”, comemora.

A previsão é de que os animais cheguem ao IZ em fevereiro de 2024, quando as instalações estiverem com as obras concluídas.

O professor da USP gentilmente abriu as postas da sua casa para selar esse contrato que foi firmado nas presenças do pesquisador do IZ Fábio Prudêncio de Campos e do coordenador científico da Xenobrasil, Luciano Abreu Brito. (Por Caroline Caram, Comunicação IZ)

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