EP ‘Espiritualidade’ aprofunda processo criativo de Roger Marza
Em seu sexto trabalho, músico e jornalista de Americana faz homenagens a entidades religiosas de várias origens
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A busca pela espiritualidade sempre esteve presente na trajetória do músico e jornalista Roger Marza na forma de se expressar artisticamente. Agora, no EP “Espiritualidade”, Marza faz uma homenagem a entidades da Umbanda, espíritos da Floresta Amazônica e a Mushkil Gushá, um anjo dissipador de todas as dificuldades, cuja história é contada desde a antiga Pérsia. Entre as paisagens sonoras sobre as quais Marza improvisa há participações especiais do jornalista e escritor Paulo San Martin, da artista e cientista Hosana Celeste e do cientista Linilson Padovese.

O EP, com sete músicas, será lançado no dia 4 de outubro de 2023, dia de São Francisco de Assis e do aniversário de dois anos da morte de Joana Peressinotto, mãe do músico, arquiteta e artista, cujo detalhe de um quadro inspira a capa do álbum, que será distribuído pela Tratore. “A espiritualidade vai além da religião, mas sinto que devo agradecer as entidades da Umbanda e combater com amor a intolerância religiosa”, diz o músico. 

Para acompanhar o lançamento e ouvir o EPE acesse: https://tratore.ffm.to/rmz6 .

Em outubro de 2011, Marza sofreu um grave problema de saúde mental e uma tentativa de tirar a sua própria vida. Esse problema, que o afetou por meses até que pudesse voltar a ter autonomia e anos para cicatrizar a maioria dos traumas, foi tratado ao longo do tempo com a ajuda da família, amigos, psiquiatra, saxofone e da religião.

“Num momento muito delicado da minha vida, a Umbanda me ajudou a encontrar o meu caminho. O culto aos orixás e as entidades que me atenderam me ajudaram a meditar sobre jornalismo e sobre o meu processo criativo ao saxofone, especialmente no período mais conturbado da pandemia, junto com o Yoga”, diz Marza.

O EP “Espiritualidade” abre com “Exu Cantareira”, improvisação livre que Marza gravou com som captado pelo cientista Linilson Padovese no Parque Estadual da Cantareira, em projeto no qual se buscava identificar a população de bugios, ameaçados pelo surto de febre amarela. Nessa gravação, no entanto, eles não foram encontrados, mas é possível ouvir o som de pássaros e os ruídos da cidade, que dos céus e da terra invadem a floresta, dos aviões aos carros. Em dezembro de 2022, Marza gravou no Parque Villa-Lobos as improvisações livres “Pena Verde”, “Araribóia” e “Oferenda”.  A música “Preto Velho” foi gravada no dia 25 de agosto, com sons do quintal do músico, em São Paulo.

Apesar de se sair vitorioso em enredo da escola de samba Acadêmicos da Grande Rio no ano passado, Exu sofre a máxima expressão da intolerância religiosa até hoje, algo que teve início por volta do século 13, segundo o sociólogo Reginaldo Prandi. Retratado na mitologia como um ser faminto, Exu precisa ser alimentado para fazer a comunicação dos vivos com os orixás. E era também responsável pela ereção masculina, algo que a tradição judaico-cristã identificava como pecaminoso e demoníaco. “Mas Exu é uma entidade de muita luz e amor”, afirma Marza.


COM CIÊNCIA


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