Americana vai enterrar 94 mil toneladas de lixo vindo de fora
Contratos milionários com Hortolândia e Santa Bárbara foram firmados pelo aterro instalado no Pós-Represa
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O aterro particular da UTGR Americana – localizado no Pós-Represa – vai enterrar 94,8 mil toneladas de lixo de Hortolândia e Santa Bárbara em 2023. O aterro – instalado ainda na administração Omar Najar (MDB) – firmou contratos milionários com as cidades vizinhas, as quais passam as destinar seus resíduos para Americana.

Somente com Hortolândia, a UTGR vai receber o montante de R$ 41,8 milhões por ano cuja licitação já foi homologada. Santa Bárbara vai pagar R$ 5,7 milhões anuais para enterrar seu lixo em terras americanenses. 

A vinda de resíduos de outros municípios causou polêmica na Câmara de Americana já que a região do Pós-Represa é uma das únicas áreas de Americana ainda com grandes espaços sem ocupação. Além disso, o aterro pode afastar empresários aptos a investir no crescimento sustentável da região.

O vereador Gualter Amado (Republicanos) explica que Americana é umas das cidades com menor território em toda RMC (Região Metropolitana de Campinas). “Na época da instalação do aterro, em 2018, já alertávamos sobre o risco de enterrar lixo na única região que Americana dispõe para crescer. Imagine agora com dezenas de caminhões de lixo transitando no Pós-Represa”, questiona o parlamentar.

Segundo ele, o grande problema é que o lixo é enterrado sem que seja realizada a separação do material reciclado. “Ainda na administração passada houve a promessa que antes de enterrar o lixo orgânico uma usina de reciclagem iria separar o material reciclável. Isso ficou somente na promessa”, explica.

Americana já vinha recebendo lixo de Santa Bárbara desde 5 de maio do ano passado. O Aterro Municipal da cidade vizinha está interditado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) por falta de licenças.

Em junho, a administração barbarense e a UTGR Americana firmaram um contrato emergencial por seis meses no valor de R$ 2,1 milhões. Após abertura de licitação, a empresa conseguiu por definitivo um contrato de 48 meses.

No caso de Hortolândia, o processo visava a contratação de um sistema integrado de limpeza pública, ou seja, os serviços previstos no edital incluem coleta, transporte e destinação final de resíduos domiciliares e limpeza de vias públicas, por isso, segundo a prefeitura de Hortolândia, o valor do contrato é alto.


Aterro sanitário teve repercussão nacional

O Aterro Sanitário instalado na região do Pós-Represa, em Americana, ganhou destaque na imprensa nacional. O assunto foi destaque no jornal O Estado de São Paulo e também na revista Isto É, ambos veículos de circulação nacional.

Segundo o Estadão, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) autorizou a construção e operação do aterro sanitário em distância inferior à permitida pela legislação de segurança do tráfego aéreo já que o aeroporto da cidade fica a menos de oito quilômetros do empreendimento.

Pela lei, segundo o jornal, a ocupação a uma distância de 20 km a partir do centro geodésico da pista do aeródromo está sujeita a restrições especiais para a segurança dos aviões. No raio de 10 quilômetros, são vetadas atividades de aterro sanitário, que têm alto potencial para atração de fauna, como urubus.


REPRESA

De acordo com o Estadão, a região conhecida como Pós-Represa, onde fica o aterro sanitário, foi considerada Área de Proteção Ambiental Municipal de Americana em lei de 2008. Conforme o site da prefeitura, essa porção do território que corresponde à Represa de Salto Grande, até o limite com Cosmópolis e Paulínia, teria uso predominantemente ambiental. Estão ali os maiores remanescentes de Mata Atlântica do município, que servem de refúgio para aves e animais ameaçados de extinção.

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