OVNIs: há algo no ar além dos aviões e pássaros
Véspera de liberação de documentos sigilosos pelo Pentágono faz o tema voltar à ordem do dia no mundo
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Tudo indica que “há algo no ar além dos aviões de carreira”. Mas, desta vez, bem diferente da célebre frase do humorista Aparício Torelli, o Barão de Itararé, que apenas insinuava estranhas articulações nas políticas de Getúlio Vargas. Agora, o que parece estar no ar, além dos aviões, são velozes objetos voadores não identificados, os chamados OVNIs.


O retorno do tema à ordem do dia é causado por uma sucessão de fatos. O mais importante deles é a iminente revelação, que deve ocorrer neste mês de junho, de dossiês secretos das Forças Armadas dos EUA sobre investigações de OVNIs. E o mais recente, a declaração feita pelo ex-presidente daquele país, Barack Obama, a um programa de televisão. Mas as revelações não param aí.


Obama era entrevistado no programa “Late Late Show”, neste mês de maio, pelo famoso apresentador James Corden, quando o líder da banda que tocava nos intervalos pediu a palavra e perguntou ao ex-presidente quais informações ele tinha sobre OVNIs. “Quando se trata de alienígenas, há coisas que simplesmente não posso dizer no ar”, respondeu Obama.


Diante das insistências, o expresidente negou que houvesse qualquer “local secreto” do governo dos Estados Unidos, com alienígenas ou OVNIs, mas admitiu a existência de coisas estranhas no ar.


“Mas o que é verdade, e na verdade estou falando sério, é que há filmagens e registros de objetos no céu que não sabemos exatamente o que são. Não podemos explicar como eles se moveram ou sua trajetória. Eles não tinham um padrão facilmente explicável. Acho que as pessoas levam a sério investigar e tentar descobrir o que é isso. Mas não tenho nada a relatar a você hoje”, concluiu Obama.


SEM SIGILO

O Pentágono, que reúne os comandos militares norte-americanos, terá que entregar para o Congresso Nacional daquele país, até o final de junho, um relatório com tudo o que sabem sobre OVNIs, avistamentos e alienígenas.


A decisão foi tomada pelo Congresso após a descoberta, em 2020, da existência de um programa clandestino desenvolvido pelo Pentágono para investigar OVNIs. O Congresso quer saber qual o real destino dos mais de US$ 30 milhões de verbas públicas investidas no programa.


Estranhamente, mesmo antes do relatório estar concluído pela força-tarefa montada para reunir os documentos, repetem-se por lá relatos de pilotos militares sobre objetos voadores estranhos que, como afirmam eles, parecem violar as leis da física hoje conhecidas.


O senador Harry Reid, ex-líder da maioria no Senado dos EUA, e um dos articuladores da criação, em 2007, do chamado Programa de Identificação de Ameaças Aeroespaciais, acaba de publicar, também agora um maio, um longo artigo sobre o tema no jornal

New York Times.


“Esta operação clandestina do Pentágono investigou relatórios de OVNIs e outros fenômenos relacionados, incluindo encontros com OVNIs envolvendo militares americanos. Alguns vídeos e fotografias que documentam esses encontros surpreendentes foram agora tornados públicos, reacendendo o fascínio de longa data da América pelos OVNIs”, afirma ele no artigo.


O senador explicou que, embora o programa que ele ajudou a criar não exista mais, “o governo continuou a estudar os OVNIs, mais recentemente por meio de um novo programa conhecido como Força-Tarefa de Fenômeno Aéreo Não Identificado”.


MAIS COISAS

Também agora, em maio, às vésperas da entrega dos documentos pelo Pentágono, um dos sites sobre OVNIs mais conhecidos na internet, o o The Black Vault, anunciou que havia disponibilizado toda a documentação até então sigilosa da CIA, a agência de inteligência norte-americana, sobre o tema.


O criador do site, John Greenewald Jr., ficou conhecido por utilizar a lei de acesso à informação para obter documentos sigilosos sobre OVNIs. Ele conta que tenta obter os documentos da CIA há mais de 10 anos, desde 2.000. Para isso, teve que enviar mais de 10 mil formulários baseados na lei de acesso, durante esse período.


E só agora os conseguiu. Recebeu, sem aviso prévio, caixotes cheios de cópias de documentos que teve que digitalizar manualmente, um por um, para disponibilizar no site. Trata-se de um acervo com 2.780 páginas em arquivos no formato PDF contendo documentos da CIA, alguns datados da década de 1980.


Lei de Acesso à Informação liberou milhares de documentos para a população brasileira

O Brasil tem um amplo arquivo de domínio público com milhares de documentos, relatos, vídeos, fotografias e áudios sobre OVNIs e fenômenos correlatos. Os documentos, guardados hoje no Arquivo Nacional, estavam em poder exclusivo do Comando da Aeronáutica, que os mantinha em caráter sigiloso, até 2012 quando entrou em vigor no país a LAI (Lei de Acesso à Informação), que faz aniversário dia 28 de maio.

Assim que a LAI entrou em vigor, houve uma verdadeira corrida de pesquisadores de OVNIs pelos documentos e o arquivo sobre o tema foi o mais procurado durante anos.

O que muitos não sabiam é que, desde 2010, os documentos com registros de ocorrência de OVNIs que estavam sob domínio da Aeronáutica já vinham sendo transferidos para o Arquivo Nacional. Este processo acelerou-se com a entrada em vigor da LAI e, principalmente, em razão do alto número de pedidos feitos ao Comando por estudiosos do tema. Foi em razão disso que, em 2013, o Governo e as Forças Armadas liberaram um dos mais importantes lotes de documentos relacionados aos OVNIs.

As pessoas têm tanta curiosidade sobre o assunto que o Portal da Força Aérea Brasileira disponibiliza, inclusive, um link sobre OVNIs.

OS CASOS

Os arquivos contêm desde documentos de casos emblemáticos, como famoso ET de Varginha, até relatos colhidos por diferentes fontes e pesquisadores. O documento mais antigo data de 1952. Trata-se de aparição de OVNIs na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O arquivo é composto por nove imagens fotográficas, nas quais se pode visualizar fotos de um objeto em formato de prato com uma cúpula no meio.

Os documentos sobre o caso brasileiro do ET de Varginha relatam que a primeira aparição por lá de um objeto voador não identificado é de 1971, apesar do caso que deu fama à cidade ser de 1996. É possível encontrar vários documentos no Arquivo Nacional, como o relatório do Ministério da Aeronáutica, em que piloto de avião relata a ocorrência de tráfego de objeto voador não identificado nos céus da região, nos dias da ocorrência. Apesar de no relatório constar que foi tudo filmado por passageiro, o vídeo não consta no Arquivo Nacional.

O ano era 1956 quando o professor João Freitas Guimarães visitava a trabalho a cidade de São Sebastião (SP). Foi em um passeio noturno na praia que ele viu submergir da água um objeto muito grande e esférico de onde saíram dois homens. Eles eram altos, pele e olhos claros. Usavam uma espécie de macacão verde que se estreitava na altura do pescoço, punhos e tornozelos.

Os tripulantes convidaram João para dar uma volta na nave. A comunicação foi estabelecida por meio de telepatia. Durante cerca de 40 minutos ele viajou no disco voador. Esse e outros relatos semelhantes também integram o arquivo.

NA INTERNET

Além de ser acessível pela internet, o usuário pode visitar as unidades do arquivo nacional no Rio de Janeiro, ou na coordenação regional em Brasília. No atendimento ao usuário é necessário fazer um cadastro para acessar as informações nos computadores do Arquivo.

Lá o usuário terá à sua disposição fotos, vídeos, áudios, relatórios da aeronáutica, boletins, informes e uma gama de documentos, que vão desde relatos de pessoas que avistaram Objetos Voadores Não Identificados até relatos de viagens em naves interplanetárias.

Escolas, universidades e institutos técnicos visitam bastante o Arquivo para mostrar as ferramentas de pesquisa aos alunos. O usuário interessado em pesquisar os documentos do AN pode enviar mensagem para o e-mail consultasdf@arquivonacional.gov.br ou ligar para (61) 3344-5140. Os documentos do OVNI são acessíveis pelo link http://www.an.gov.br/sian/

Boa parte dos documentos relativos a OVNIs são provenientes de um setor sigiloso criado em 1969 para investigar esses fenômenos, chamado Sioani (Sistema de Investigação de Objetos Aéreos não Identificados), que se propunha a investigação científica de fenômenos. Isso mostra que a Aeronáutica já levava o assunto a sério há muito tempo. O Sioani foi criado dentro da então Quarta Zona Aérea da FAB (Força Aérea Brasileira), em São Paulo, mas só se tornou público e conhecido com a entrega dos documentos ao Arquivo Nacional em 2012.

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