O Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, comemorou no dia 15 deste mês de julho seus 119 anos de fundação. Para celebrar a data, o Instituto realizou no dia 13 um evento especial no qual recebeu a população em sua sede, na cidade de Nova Odessa, apresentando muitas atrações e mostrando um pouco de sua estrutura e importância para a agropecuária brasileira.
“Estamos trazendo a sociedade para dentro do Instituto de Zootecnia”, comentou o diretor-geral do IZ, Enilson Ribeiro, que agradeceu a presença de todos que compareceram. “É um prazer enorme receber a população da região aqui e mostrar um pouco sobre o agro e, principalmente, um pouco do que o IZ faz de pesquisa”, disse Ribeiro, citando os trabalhos com produção animal sustentável, bem-estar animal e o novo desafio de produzir suínos para xenotransplantes. (leia nesta página).
O coordenador da Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), Carlos Nabil Ghobril, evidenciou o papel do IZ para a produção animal. “Comemoramos os 119 anos desta instituição que tanto tem contribuído para o desenvolvimento da pecuária e toda criação animal no Estado de São Paulo e no Brasil. Nessa oportunidade, o IZ abriu suas portas para receber a população da cidade e outros visitantes, para conhecer um pouco do que é desenvolvido aqui”, disse Nabil.
A população de Nova Odessa e região compareceu em grande número ao evento: cerca de duas mil pessoas, de todas as idades, estiveram presentes no decorrer do dia. Enquanto os adultos puderam observar a infraestrutura do local e saber mais sobre o histórico do IZ e sua contribuição para a agropecuária em seu mais de um século de existência, as crianças se divertiam interagindo com os animais da mini fazenda, incluindo vacas, porcos e aves de pequeno porte.
O destaque foram as mini cabras (ou cabras anãs). Trazidos por criadores da região que participaram de capacitação técnica na área no dia anterior, esses pequenos animais, que têm ganhado espaço como pet, encantaram o público. Houve também apresentação teatral sobre o agro e shows de música caipira tradicional, além de barraquinhas e food trucks, com itens de culinária e produtos artesanais.
Morador de Nova Odessa há 30 anos, o encarregado de produção Fábio Lins já conhecia o Instituto, mas não perdeu a oportunidade de ter um novo contato com esse espaço que, segundo ele, é bem importante para a cidade. “O trabalho que o IZ faz é conhecido nacionalmente”, mencionou. “Como morador da cidade, eu acho que deveria haver mais eventos como esse, para a população de Nova Odessa poder conhecer o Instituto”.
HISTÓRICO
Criado em 15 de julho de 1905, na Mooca, em São Paulo, como Posto Zootécnico Central, o órgão foi transferido, em 1929, para o Parque da Água Branca, também na capital, e apenas em 19 de janeiro de 1970 recebeu o nome de Instituto de Zootecnia. Em 1975, foi levado para o município de Nova Odessa (SP), contribuindo para o desenvolvimento da cidade. Desde 1909, entretanto, o IZ já realizava no município as primeiras seleções de gado da raça Caracu, na chamada “Fazenda de Seleção do Gado Nacional da Raça Caracu”.
Além da sede em Nova Odessa, com quatro Centros de Pesquisa, o IZ possui atualmente o Centro Avançado de Pesquisa, em Sertãozinho, e quatro Núcleos Regionais de Pesquisa, distribuídos nas cidades de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Registro e Piracicaba (Tanquinho).
Suínos para doação de órgãos
Recantos da Terra noticiou, em sua edição de dezembro de 2023, o acordo assinado pelo IZ com a empresa Xenobrasil para o desenvolvimento de suínos geneticamente modificados que servirão de doadores no transplante de órgãos para seres humanos. O acordo de pesquisa inédito é tido como um marco histórico para o instituto. A Xenobrasil, empresa do médico e professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Silvano Raia, que é pioneiro no transplante de fígado na América Latina.
Com o aporte de recursos para implantação de infraestrutura e para a produção de suínos, a Xenobrasil usará esses animais como doadores de órgãos para transplante. O laboratório será estruturado atendendo a todos os requisitos dos organismos reguladores que são necessários para o xenotransplante clínico (termo técnico que define o transplante de órgãos entre espécies diferentes).
É sabido que no Brasil, bem como em outros países, há listas de espera para inúmeros transplantes, devido à falta de doadores. Nos últimos 40 anos, os suínos têm sido utilizados para várias cirurgias do tipo, graças à baixa rejeição que causam, por possuírem fisiologia semelhante e por estudos que conseguiram modificar seu genoma (sequência dos genes de um ser vivo), aumentando as possibilidades de uso de órgãos e tecidos destes animais como doadores para seres humanos, contribuindo assim com a manutenção da vida.
Raia explica que o organismo dos suínos é o que mais se assemelha ao do humano. “A viabilização para transplantar coração, rim, córnea e pele é uma realidade, e os estudos agora tendem a incluir pulmão e fígado”, atesta.
O diretor-geral do IZ, Enilson Ribeiro, conta que os estudos que realizam com animais não eram para xenotransplantes e, agora, essa oportunidade colocará o Instituto em outro patamar. “Pela inovação da pesquisa a ser conduzida nessa área, tomaremos um caminho diferente, com a contribuição dos nossos pesquisadores e técnicos que vão somar conhecimento à medicina”, enfatiza.
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