O candidato e o interesse público
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Artigo - Orestes Camargo Neves


“O homem público é o cidadão de tempo inteiro, de quem as circunstâncias exigem o sacrifício da liberdade pessoal, mas a quem o destino oferece a mais confortadora das recompensas: a de servir à Nação em sua grandeza e projeção na eternidade.” 

Acho que, na história deste país, ninguém tem mais a cara do Poder Legislativo do que Ulisses Guimarães! E é em suas palavras acima que todo postulante a um cargo público deveria se inspirar! Como tudo nesta vida, temos os prós e os contras: de um lado, “o sacrifício da liberdade pessoal”, quando a avaliação pública nem sempre é a merecida e/ou desejada; e, de outro lado, “a de servir à Nação em sua grandeza” para orgulhar-se do fruto de seu plantio!

Só quem já participou de uma campanha política sabe quão árdua é a tarefa de conquistar votos. A arte do convencimento é algo que exige uma capacidade “extrassensorial” do candidato de avaliar como seu interlocutor está digerindo seus argumentos e propostas! Principalmente, em tempos de radicalismos exacerbados e de análises tão rasas da questão pública, o candidato está, sempre, pisando em ovos...

Com a entrada em vigor da Constituição de 1988, o Brasil, embora  continuasse sob um regime presidencialista, uma nova ordem se instalou, subliminarmente, com o fortalecimento do Poder Legislativo e uma dependência crescente do Executivo em relação aos parlamentos, sob a denominação de “presidencialismo de coalizão”.

O chamado “Centrão”, filhote “bastardo” desta jaboticaba, tem em seus Cunhas e Liras eminências pardas em governos nos quais o passivo fica para o Executivo – refém de interesses, nem sempre republicanos – e os ativos são cooptados pelos parlamentares! Não pense o eleitor que essa relação espúria é uma exclusividade de Brasília! 

A troca de votos por benesses parece ser uma cultura que está cada vez mais enraizada no país... portanto, passou da hora de o eleitor entender que eleger bons parlamentares é essencial para uma administração atender às expectativas da comunidade! É necessário que o eleitor pondere sobre o perfil e o histórico de seu candidato à Câmara Municipal. 

Não que interesses corporativos, regionais e privados sejam absolutamente indignos, mas a cidade não termina na divisa entre a nossa casa e as dos nossos vizinhos. O atendimento aos anseios coletivos é mais recompensador e eficaz pois serão proveitosos para o individual, também! Em outras palavras: o bem-estar privado será sempre melhor quanto mais pessoas possam gozar de melhores condições e não viver acreditando que se possa ser feliz dentro de um banker...

A relação de quatro longos anos entre cidadãos e vereadores pode ser muito menos penosa se o eleitor escolher com o devido esmero a quem destinará seu voto! Caso contrário, daqui a quatro anos, vamos continuar nos lamentando, mais uma vez, de que “esta foi a pior Câmara que a cidade já teve”... 

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