Braço Forte recebe premiação nacional de arquitetura popular
Cooperativa de Americana foi premiada no concurso promovido pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas
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A Cooperativa Braço Forte, de Americana, ganhou a Menção Honrosa Especial do prêmio ArqPop (Arquitetura Popular) concedido pela FNA (Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas). Há 19 anos a FNA concede premiação a projetos de arquitetos e urbanistas brasileiros e, há dois anos, passou a premiar também projetos individuais ou coletivos voltados à arquitetura popular. A versão 2024 do prêmio, entregue no final do ano passado, “busca contemplar projetos populares e soluções criativas para os dilemas arquitetônicos e urbanísticos da sociedade brasileira” – como explica a FNA.

A FNA é uma entidade sindical nacional de grau superior que congrega sindicatos e associações profissionais estaduais de todo o país. E concorrem anualmente ao prêmio projetos apresentados pelas organizações filiadas. A proposta de premiação à Braço Forte foi apresentada pelo Sindicato de Arquitetos e Urbanistas do Estado de São Paulo. 

A cooperativa Braço Forte, como explica o seu texto de apresentação ao prêmio, “busca ampliar o debate entre arquitetura e urbanismo, engenharia e construção civil  por meio do espirito associativista e economia solidária”. É a primeira cooperativa brasileira que reuniu profissionais de diferentes áreas da construção civil, como arquitetos/urbanistas, engenheiros e todos os demais profissionais da construção civil, sem distinção de graduação educacional. 

Um de seus fundadores e atual presidente da Braço Forte, o arquiteto/urbanista Victor Chinaglia, relata que a ideia de constituir uma cooperativa de trabalho mista começou a tomar forma em 2022, quando a Cooperteto (Cooperativa Nacional de Habitação e Construção), também sediada em Americana, começou a construir casas no sistema de pré-moldados. As construções eram feitas em regime de mutirões que reuniam os próprios cooperados, em  parceria com a prefeitura.

Daí surgiu a proposta de fundar uma cooperativa de trabalho que pudesse aproveitar o conhecimento técnico adquirido pelos trabalhadores, inclusive realizando serviços para outras associções e até obras públicas e para terceiros. “Em 2008, com a mudança da administração municipal, a parceria com a prefeitura foi desfeita, mas ao mesmo tempo aumentavam os recursos federais para o Minha Casa Minha Vida. Assim, tivemos que dar início ao processo para a formalização da cooperativa, até por exigências documentais para atuar em obras que recebiam recursos públicos federais”, relata Victor. 

A partir daí foi um longo processo, pois incialmente a Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo) resistiu ao registro, sob a alegação de que um cooperativa mista como a proposta acabaria por agregar trabalhadores de diferentes ramos, o que não é permitido pela estatuto que regulamenta a formação de cooperativas. “Mas esse é um grande equívoco. Os arquitetos/urbanistas e engenheiros fazem parte da mesma cadeia produtiva como qualquer trabalhador da construção civil. Enfim, após vários embates, reuniões e discussões, conseguimos comprovar técnicamente e teóricamente a nossa tese e obtivemos a formalização documental da Braço Forte”, diz Victor.


CAMPO DE AÇÃO 

Com forte atuação na região do Pós-represa, a Braço Forte tem sua sede no bairro Monte Verde, ao lado do assentamento Milton Santos e do acampamento Roseli Nunes, e já possui um importante portfólio de obras realizadas em Americana e municípios vizinhos. 

Em 2023, a cooperativa recebeu destaque em alguns veículos internacionais do segmento de arquitetura, quando recebeu a visita de Sérgio Ferro, arquiteto/urbanista brasileiro de renome internacional, professor aposentado da Universidade de Paris, cidade onde reside. Os livros sobre o canteiro de obras na construção civil foram grandes inspiradores para a formação da Braço Forte e uma das ações de educação criadas pela cooperativa em sua sede leva o nome de Escola Livre e Espaço Sérgio Ferro.

A partir da Braço Forte foi criada ainda a cooperativa A Camponesa e uma fábrica de tijolos de solo cimento. Todos esses trabalhos são realizados em conjunto com iAcia (Instituto Pós-represa), que divide a sede com a cooperativa no Monte Verde, e atua junto às mais de três mil famílias que vivem nos bairros da região.

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