Americana ganhou, no final do ano passado, um poderoso instrumento para a defesa e preservação de sua história. O Instituto 12 de Novembro, fundado em dezembro de 2024, já reúne denso material sobre a história da cidade e pretende ampliar ainda muito este conteúdo, além de promover diversas ações em defesa e na divulgação do material histórico de Americana. Recantos da Terra, que a partir desta edição vai publicar regularmente artigos produzidos pelo Instituto, conversou com o seu presidente, o historiador André Maia, eleito pela diretoria recém empossada para comandar inicialmente a entidade.
Recantos da Terra – André, qual a proposta do Instituto 12 de Novembro? E fale também sobre a data que ele homenageia?
André Maia – O Instituto 12 de Novembro, fundado em 18 de dezembro de 2024, homenageia o centenário da emancipação política de Villa Americana e sua consequente elevação a município. Cem anos depois, membros da sociedade civil unem-se para preservar a história da cidade, com a participação de historiadores e pesquisadores. O Instituto 12 de Novembro tem por finalidade pesquisar, produzir conteúdo e realizar a prática arquivística sobre a história de Americana, disponibilizando todo o seu acervo e suas pesquisas ao público.
Além do trabalho de catalogação e arquivo, que outras ações o instituto vai empreender?
Como previsto em seu estatuto, o instituto irá realizar ações de caráter histórico, sociocultural, educativo e artístico, buscando a difusão da história, cultura e preservação do patrimônio cultural de Americana. E também vai mobilizar a população para o apoio à manutenção e preservação de fontes documentais e do patrimônio histórico e cultural da cidade; elaborar, propor e executar políticas públicas de pesquisa, catalogação de acervos, digitalização de acervos, produção de materiais de história e memória, disponibilização de acervos, por meio de elaboração e coordenação de projetos, em parceria ou não com o Poder Público, iniciativa privada e outras entidades.
Teve alguma razão especial para o ano da fundação oficial do instituto tenha sido 2024?
A criação do instituto aconteceu em um ano repleto de comemorações importantes para a história do município de Americana, além do centenário da emancipação, data em que também foi celebrado o septuagésimo ano da criação de nossa comarca. No último 30 de julho, comemorou-se 120 anos da criação do Distrito de Paz de Villa Americana. Outras efemérides referentes a pessoas de grande importância na história da cidade merecem destaque em 2024: 140 anos do nascimento e 70 da morte de João de Castro Gonçalves, respectivamente em 31 de março e 8 de dezembro; 140 anos do nascimento de Fortunato Basseto, em 22 de março, e 90 anos do falecimento daquele que foi considerado o patrono da emancipação, Antônio Alvares Lobo.
O que o instituto já tem como acervo disponível para a população?
Hoje o instituto possui um acervo de jornais desde 1924, fotos, vídeos, catalogações de atas da Câmara Municipal de Americana desde 15 de janeiro de 1925, transcrições destas mesmas atas e produções narrativas de diversos períodos a partir de 1904, data da criação do Distrito de Paz.
Esse acervo já está disponível para qualquer pessoa? Caso sim, como se pode ter acesso a ele?
Parte deste acervo e trabalho de construção narrativa já está disponível em nosso website lançado no último dia 13 de março. Foram quase três meses de trabalho para editar textos, legendas de fotos e alimentar este veículo para a sua disponibilização pública. Todos podem ter acesso pelo endereço www.12denovembro.com.br.
André, como historiador, você sempre sonhou e planejou realizar um trabalho como este, não é mesmo? Conte um pouco sobre o surgimento da ideia e os passos para a sua concretização.
Para todo historiador, as condições perfeitas para atender aos seus questionamentos e realização de pesquisa é encontrar as fontes documentais reunidas, catalogadas e bem preservadas, infelizmente isso nem sempre é possível. Por isso desde 2008 comecei a pesquisar autodidaticamente sobre arquivologia, mesmo ano que conheci o Arquivo Histórico Municipal de Americana e posteriormente o do Estado de São Paulo, que aliás é um exemplo de competência nesta área. Em 2021 durante a pandemia e trabalhando na Câmara Municipal de Americana tive acesso a documentações que datam da instalação deste poder municipal. Foram três anos de trabalho intenso devido a tantos livros de atas manuscritos, com ortografia distintas da nossa, mas também em um mergulho sobre as transformações da caligrafia e as nuances dos discursos políticos. Penso que neste processo tive minha experiência de militância política desde os 16 anos e a paixão pela literatura como grandes trunfos no auxílio deste trabalho verdadeiramente minucioso. Após meu desligamento empregatício com a Câmara Municipal de Americana comecei a articular a formação de um grupo de pessoas que estivessem dispostas a trabalhar pela documentação e história de Americana. Felizmente temos em nosso município pessoas de diferentes áreas de saber que possuem, em comum, imenso amor por nossa história. Foi a reunião destas pessoas e a comunhão em um mesmo objetivo que possibilitou a fundação do Instituto em dezembro último e agora o lançamento do website.
O Instituto conta com alguma parceria ou apoio institucional? Caso empresas, associações ou pessoas queiram apoiá-lo, inclusive com a cessão de fotos e documentos, como devem proceder?
O Instituto 12 de novembro tem um irmão mais velho, o Instituto Monsenhor Nasareno Maggi. Iniciamos com a fundação várias frentes de trabalho como o alcance do registro civil, que demanda recursos, publicações diárias em redes sociais como Facebook e Instagram (instituto12denovembro), e produção quinzenal de artigos para o jornal O Liberal. São ações que passaram a divulgar nosso trabalho e criar um contato direto com internautas e leitores, inclusive para a disponibilização de documentos. E agora, convidados que fomos, passaremos também a fazer publicações periódicas de artigos aqui no nosso querido Recantos da Terra e também no website do jornal.
Recebemos em dezembro passado de Azael Alvares Lobo Neto, bisneto de Antônio Alvares Lobo centenas de documento que já estão digitalizados. Para que todo este trabalho possa prosseguir o Instituto 12 de Novembro precisa de recursos financeiros. Podemos vender espaços publicitários em nosso website e queremos oferecer trabalho ao poder público e a iniciativa privada. Seja através de informações, preparação de professores, catalogações e exposições. Nosso contato para doação de acervo ou cessão para digitalização, doação de recursos, divulgação de propaganda em nosso website ou contratação de trabalho é: contato@12denovembro.com.br
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