Num mundo hoje marcado pelo preconceito e violência com raízes religiosas, o paquistanês Ihtsham Ahmad Momanimã, Imã (sacerdote ou líder religioso) muçulmano, tem trafegado pelo Brasil como missionário. Um missionário propagador da paz religiosa e pelo fim do preconceito contra sua fé islâmica. Neste mês de junho, ele proferiu palestra na Câmara Municipal de Americana e se encontrou com lideranças religiosas, políticas e da sociedade civil de várias cidades da região, como Nova Odessa, Hortolândia e Limeira, entre outras.
“Nosso objetivo é promover o diálogo inter-religioso e também promover a cultura de paz. Trazer informações sobre a verdadeira doutrina muçulmana para que possamos fazer pontes e construir o diálogo entre as comunidades”, afirma ele. Hoje fixado no Brasil, com esposa e filha brasileiras, ele é vice-presidente da Associação Ahmadia do Islã no Brasil. A comunidade Ahmadia é uma corrente da fé muçulmana, surgida em 1889, e que hoje já está estabelecida em mais de 210 países da Ásia, África, Américas, Europa e Austrália.
O Imã relata que o principal lema da Ahmadia é: “Amor para todos, ódio para ninguém”. Assim, a Comunidade Ahmadia é conhecida no mundo todo por suas ações humanitárias, por sua pregação pela paz e por sua busca em descontruir o preconceito e os estereótipos que ainda rondam o islamismo e a fé muçulmana nos países ocidentais. “Infelizmente, muita gente associa o Islã com a violência, quando a própria palavra Islã significa ‘Paz e Segurança’. Como pode uma religião que se chama Paz, pregar o ódio?”
O mundo vive um momento em que alguns países muçulmanos atravessam conflitos ou estão em guerras, guerras que aliás nem sempre foram provocadas por eles. E isso reforça, na opinião do Imã, o preconceito gerado pelo desconhecimento do que que seja o verdadeiro Islã. “Existem grupos ou indivíduos que, em nome da religião, cometem atrocidades. E isso ocorre em todas as religiões, em todos os países. A história humana nos mostra isso. Não podemos julgar um povo inteiro por ações de poucos. Isso é injusto e perigoso.”
PRECONCEITO
Sua trabalho missionário no Brasil começou no Rio de Janeiro e, hoje, se expande a partir de São Paulo, onde ele vive. “Sabemos que muitas minorias sofrem preconceito no país, entre elas o islamismo. E o principal fator é o desconhecimento, a falta de informações. E por isso fazemos este trabalho, para que as pessoas, a partir destas lideranças com as quais dialogamos, possam conhecer outras religiões e outras culturas. Afinal, todas as religiões contêm as suas belezas, e isso temos que respeitar. Acreditar é algo de cada um, é a escolha de cada um, e nós muçulmanos acreditamos na liberdade de escolha. Mas respeitar é obrigatório, de um para o outro”, diz ele. No Brasil estima-se que existam cerca de um milhão de muçulmanos, isso por dados não oficiais, já que o IBGE não inclui a religião em seus Censos.
Para o Imã, “as religiões como as pessoas têm diferenças”. “Mas se queremos um mundo mais justo e com harmonia social, todas as religiões e todas as pessoas têm que trabalhar juntas. Precisamos unir forças e reconhecer a verdade do outro. O diálogo é essencial.”
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